Filosofia
A
Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos
científicos. Não é religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas
das crenças religiosas. Não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos,
das formas, das significações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é
sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos
e métodos da sociologia e da psicologia. Não é política, mas interpretação,
compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder. Não é
história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no
tempo e compreensão do que seja o próprio tempo. Conhecimento do conhecimento e
da ação humanos, conhecimento da transformação temporal dos princípios do saber
e do agir, conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres, a Filosofia
sabe que está na História e que possui uma história. Inútil? Útil?
O
primeiro ensinamento filosófico é perguntar: O que é o útil?
Para
que e para quem algo é útil? O que é o inútil? Por que e para quem algo é
inútil? O senso comum de nossa sociedade considera útil o que dá prestígio,
poder, fama e riqueza. Julga o útil pelos resultados visíveis das coisas e das
ações, identificando utilidade e a famosa expressão “levar vantagem em tudo”.
Desse ponto de vista, a Filosofia é inteiramente inútil e defende o direito
de ser inútil.
Não
poderíamos, porém, definir o útil de outra maneira? Platão definia a Filosofia
como um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos. Descartes
dizia que a Filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas
as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da
saúde e a invenção das técnicas e das artes. Kant afirmou que a Filosofia é o
conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer e o
que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade humana. Marx declarou que a
Filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se
tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, transformação que traria
justiça, abundância e felicidade para todos. Merleau-Ponty escreveu que a
Filosofia é um despertar para ver e mudar nosso mundo. Espinosa afirmou que a
Filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos,
se desejarem a liberdade e a felicidade. Qual seria, então, a utilidade da
Filosofia?
Se
abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar
guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil;
se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for
útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política
for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes
de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para
todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os
saberes de que os seres humanos são capazes. ( Marilena Chauí)
Ouvindo
a voz dos poetas
Escutemos,
por um instante, a voz dos poetas, porque ela costuma exprimir o que chamamos
de “sentimento do mundo ”, o sentimento da velhice e da juventude perene do
mundo, da grandeza e da pequeneza dos humanos ou dos mortais.
Assim,
o poeta grego Arquíloco escreveu:
E
não te esqueças, meu coração, que as coisas humanas apenas
mudanças
incertas são. Outro poeta grego, Teógnis, cantando sobre a brevidade da vida,
dizia:
Choremos
a juventude e a velhice também, pois a primeira foge e a segunda sempre vem. Também
o poeta grego Píndaro falava do sentimento das coisas humanas como passageiras:
A
glória dos mortais num só dia cresce, Mas basta um só dia, contrário e funesto,
para que o destino, impiedoso, num gesto a lance por terra e ela, súbito,
fenece. Mas não só a vida e os feitos dos humanos são breves e frágeis. Os
poetas também exprimem o sentimento de que o mundo é tecido por mudanças e repetições
intermináveis. A esse respeito, a poetisa brasileira Orides Fontela escreveu:
O
vento, a chuva, o sol, o frio Tudo vai e vem, tudo vem e vai.
E o
poeta brasileiro, Carlos Drummond, por sua vez, lamentou:
Como
a vida muda.
Como
a vida é muda.
Como
a vida é nuda.
Como
a vida é nada.
Como
a vida é tudo.
...Como
a vida é senha de outra vida nova
...Como a vida é vida ainda quando morte
... Como
a vida é forte em suas algemas.
... Como
a vida é bela
... Como
a vida vale mais que a própria vida sempre renascida.
O
sentimento de renovação e beleza do mundo, da vida, dos seres humanos é o
que
transparece nos versos do poeta brasileiro Mário Quintana, nos seguintes
versos:
Quando
abro a cada manhã a janela do meu quarto
É
como se abrisse o mesmo livro
Numa
página nova...
E,
por isso, em outros versos seus, lemos:
O
encanto sobrenatural que há nas coisas da Natureza!
...se
nela algo te dá encanto ou medo, não me digas que seja feia
ou
má,é, acaso, singular...
Numa
das obras poéticas mais importantes da cultura do Ocidente europeu, as Metamorfoses,
o poeta romano Ovídio exprimiu todos esses sentimentos que experimentamos
diante da mudança, da renovação e da repetição, do nascimento e da morte das
coisas e dos seres humanos. Na parte final de sua obra, lemos:
Não
há coisa alguma que persista em todo o Universo. Tudo flui, e tudo só apresenta
uma imagem passageira. O próprio tempo passa com um movimento contínuo, como um
rio... O que foi antes já não é, o que não tinha sido é, e todo instante é uma
coisa nova. Vês a noite, próxima do fim, caminhar para o dia, e à claridade do
dia suceder a escuridão da noite... Não vês as estações do ano se sucederem,
imitando as idades de nossa vida? Com efeito, a primavera, quando surge, é
semelhante à criança nova... A planta nova, pouco vigorosa, rebenta em brotos e
enche de esperança o agricultor. Tudo floresce. O fértil campo resplandece com o
colorido das flores, mas ainda falta vigor às folhas. Entra, então, a quadra mais
forte e vigorosa, o verão: é a robusta mocidade, fecunda e ardente. Chega, por sua
vez, o outono: passou o fervor da mocidade, é a quadra da maturidade, o
meio-termo entre o jovem e o velho; as têmporas embranquecem. Vem, depois, o
tristonho inverno: é o velho trôpego, cujos cabelos ou caíram como as folhas
das árvores, ou, os que restaram, estão brancos como a neve dos caminhos.
Também nossos corpos mudam sempre e sem descanso... E também a Natureza não
descansa e, renovadora, encontra outras formas nas formas das coisas. Nada
morre no vasto mundo, mas tudo assume aspectos novos e variados... Todos os
seres têm sua origem noutros seres. Existe uma ave a que os fenícios dão o nome
de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lágrimas do incenso e do
suco da amônia. Quando completa cinco séculos de vida, constrói um ninho no
alto de uma grande palmeira, feito de folhas de canela, do aromático nardo e da
mirra avermelhada. Ali se acomoda e termina a vida entre perfumes. De suas
cinzas, renasce uma pequena fênix, que viverá outros cinco séculos... Assim
também é a Natureza e tudo o que nela existe e persiste.(Marilena Chauí)
A VIDA
Contem a todos o valor de um grande tesouro que descobrir, um tesouro mais valioso que o próprio ouro, mais valioso que a prata, mais valioso que o amor. Esse tesouro foi dado pelo Pai das Luzes, um presente que aprecio e valorizo. Através desse presente aprendi a valorizar o amor e as coisas mais simples que existem. Sem ele tudo perde o valor. Vida, valorize a sua pois só terá uma.
O grande Rei já pagou caro dando a sua por mim e por você.
Quem valoriza a vida, valoriza a si mesmo. (Marlon Underground)
As Evidência do Cotidiano
1. Acredito
que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o que
já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste
momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou
temido.
2. A
razão se refere a uma realidade que é a mesma para todos, ainda que não
gostemos das mesmas coisas.
3. Acreditamos,
assim, que a realidade é feita de causalidades, que as coisas, os fatos, as
situações se encadeiam em relações causais que podemos conhecer e, até mesmo,
controlar para o uso de nossa vida.
4. A mentira
diferente do sonho, da loucura e do erro porque o sonhador, o louco e o que
erra se iludem involuntariamente, enquanto o mentiroso decide voluntariamente
deformar a realidade e os fatos.
5. Somos
seres dotados de vontade e que dela depende dizer a verdade ou a mentira. Ao
mesmo tempo, porém, nem sempre avaliamos a mentira como alguma coisa ruim: não
gostamos tanto de ler romances, ver novelas, assistir a filmes? E não são
mentira? É que também acreditamos que quando alguém nos avisa que está
mentindo, a mentira é aceitável, não seria uma mentira “no duro”, “pra valer”.
Quando distinguimos entre verdade e mentira e distinguimos mentiras
inaceitáveis de mentiras aceitáveis, não estamos apenas nos referindo ao,
conhecimento ou desconhecimento da realidade, mas também ao caráter da pessoa,
à sua moral.
6. Acreditamos,
portanto, que as pessoas, porque possuem vontade, podem ser morais ou imorais,
pois cremos que a vontade é livre para o bem ou para o mal.
7. Como
se pode notar, nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da
aceitação tácita de evidências que nunca questionamos porque nos parecem
naturais, óbvias. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na
quantidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre
verdade e mentira; cremos também na objetividade e na diferença entre ela e a
subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, do bem e do mal, da
moral, da sociedade. Marilena Chaui
PENSE:
- Não conseguirei ser bom, se continuar cometendo sempre os mesmos erros;
- O mundo só será melhor se eu como pessoa fizer a minha parte;
- A resposta para cada um de nós está no auto-conhecimento, que nos libera das expectativas irreais em relação a nós mesmos e, ao mesmo tempo, permite que venha à tona o que temos de melhor.
- Seja sempre uma pessoa positiva, não aceite o negativismo como vida;
- Olhe para dentro de você e veja o melhor;
- Sempre diga para você mesmo que é capaz;
- Apague de sua lembranças coisas negativas
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